Viva.
Hoje eu li sobre como voltar para suas paixões é voltar um pouco para si mesmo.
E ler isso me atravessou de tal forma que me fez escrever.
Faz meses que eu corro o tempo todo, tentando equilibrar tudo e dar conta da vida. Quem tem tempo pra criatividade, escrita e poesia quando a vida parece exigir de nós a capacidade de dar conta de tudo?
Entre correr pra fazer tudo o que precisa ser feito e dormir o suficiente pra ficar de pé não tem muito além de sobrevivência se você não parar pra lembrar que viver exige atenção e presença.
Viver de verdade não é sobre quantos eventos grandiosos acontecem durante a vida. Viver tem a ver com estar inteiramente presente nos momentos que constituem sua existência. É lembrar de fazer o que gosta, ir até onde suas pernas dão conta, é a soma das pequenas coisas que você faz e que te acontecem que te ajudam a se dar conta da vida.
E a vida é uma coisa muito estranha, ela é exigente, caótica, dolorida e muito, muito bonita. Há uma beleza inerente à vida que demanda ser vista mesmo nos momentos mais difíceis, mesmo nos momentos em que parece que nada belo pode resultar daquilo.
Ouvi esses dias que há belezas imensas que nascem de dores profundas. Porque a vida não para nas nossas dores, ela continua e ao continuar, traz coisas que são belas de uma forma inteiramente nova, mas ainda assim, bela.
Viver é achar o próprio ritmo, é fazer o que precisa ser feito sem perder de vista que a vida tá acontecendo aqui, agora, em cada pôr do sol, xícara de café, abraço, piadas internas, lágrimas compartilhadas, gargalhadas altas.
Vida é o que acontece também nos dias de dores dilacerantes, de más notícias, nas diversas perdas que a gente vai percebendo ao longo do caminho.
A vida é feita dos encontros que a gente faz com o que nos faz vivos, todo dia.
É o equilíbrio de dias bons e dias difíceis. De dias felizes e de dias tristes. De amor e saudade. De presente e memória.
E tudo isso só nasceu porque eu me dei conta que a correria do dia a dia me fez perder a possibilidade de fazer algo que me ajuda a me perceber viva.
Quando a vida é feliz, alegre, dura, triste, desesperadora, caótica, bela, eu escrevo. Hoje eu me lembrei disso, e escrevi, e ao escrever eu me aproximei de mim outra vez, e voltar pra mim me faz voltar pra todas as coisas que são preciosas pra mim, mais vulnerável, mais sincera, mais disponível, mais viva.
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