Há infinito na finitude.
Dia 26/07 foi Dia dos Avós.
E isso me trouxe uma infinidade de memórias, de sentimentos, de afetos e de saudade.
Me lembrei de um episódio da minha série favorita, quando um avô fala sobre o paradoxo de ser avô. Sobre como é um amor puro, simples, fácil e incondicional. Ele diz que é inusitado amar alguém tão incondicionalmente quando se sabe que o tempo não te deixará ser tão importante. Ele não estava falando de importância no sentido de deixar marcas, mas sim de que o ciclo da vida limitaria o tempo de convivência, que o tempo não os deixaria estar presentes em grande parte da vida dos netos, mas que as memórias ficariam, assim como tinham ficado para ele memórias sobre os próprios avós.
Isso me fez pensar sobre os meus avós, sobre a saudade, a falta, o privilégio. Me fez refletir e pensar um pouco sobre como os avós se sentem em relação a nós e a nossa vida.
Há um amor infinito em uma relação de avós e netos, mas que está limitado pelo tempo. A nossa vida, se a ordem natural das coisas for seguida, está começando e a deles caminhando para o fim. Tudo o que nos resta é aproveitar cada minuto e torcer para que os anos se prolonguem o máximo possível.
Apesar do tempo finito, é um amor que perdura, se agarra profundamente em cada pedaço de nós e permanece. Permanece muito tempo depois de terem ido. Fica, na memória, no cheiro, no afeto.
Eu nunca conheci minha avó paterna, mas ela está presente nas histórias, nos exemplos e no impacto que ela teve na vida dos filhos. Já me disseram que eu me pareço com ela. Ela me ensinou gratidão, contentamento e alegria mesmo quando a vida dói.
Meu avô paterno, já não o tenho mais comigo. Mas eu me lembro, do cheiro, dos gestos, da indignação com o São Paulo, lembro do jeito de falar, das histórias, do amor. E desde então há uma infinidade de coisas que me lembram dele, o tempo todo. Meu avô me ensinou sobre amor profundo e lealdade além do limite do tempo.
Minha avó materna está aqui, amando andar à toa, chamar pra um cafezinho e nunca esquecer ninguém de fora. Minha vó deixa marcas diárias e é meu lembrete constante de aproveitar todos os dias antes que eles escapem pelos dedos. Ela me ensina cuidado e zelo.
Meu avô materno também já se foi, é afeto e memória, como os outros que também já perdi. Eu lembro da risada dele, da alegria de estar junto, de como ele amava açúcar, jogava bola e pescava incansavelmente. Pescar nunca mais foi igual depois dele, nem ver um SanSão. Ele me ensinou a valorizar a vida, a aproveitar o máximo possível de cada dia, a não esperar só pelos grandes momentos, mas viver plenamente a vida que eu tenho agora, a rir até a barriga doer sempre que possível.
Que coisa maravilhosa e estranha perceber que carregamos em nós tanto do que compõe aqueles que estão presentes ou que já se foram, como o amor incondicional que permeia essa relação imprime tão fundo na nossa alma memórias e afetos que não se vão, que não desaparecem, não se perdem.
Esses dias eu senti saudade, um pouquinho de tristeza, dei risada das memórias, derramei algumas lágrimas. Mas acima de tudo, eu senti o amor, tão incondicional que supera a finitude e permanece, infinito e intenso, duradouro, pra sempre. Presente.
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