Correria.

 

Em dias tão cheios, abarrotados de compromissos, responsabilidades e afazeres, a gente corre de um lado pro outro tentando dar conta de tudo. Tentando respirar fundo entre uma tarefa e outra, tentando não esquecer o que nos motiva e o que realmente importa.

É mais fácil falar do que fazer, porque muitas vezes, quando nos damos conta, já perdemos de vista aquilo que é importante e, de fato, tem valor. 

Entre tantos "o que fazer", nos distanciamos do "porquê fazer" e "por quem fazer". Nas muitas conquistas resultantes do esforço e da correria, a gente às vezes perde de vista as coisas que importam mais. As pessoas, os momentos, nossa saúde física e mental, a vida que a gente constrói enquanto vive.

E quando acordamos pra realidade, muitas vezes já perdemos muito e passamos um bom tempo tentando entender quando foi que as coisas mudaram tanto e tanta coisa escapou por entre os dedos. 

Não, esse não é um texto sobre desistência, não é um texto sobre preguiça, nem mesmo é um texto sobre utopia. É só mais um dos muitos lembretes que recebemos por aí para nos lembrar de que a gente precisa viver a vida. Não só correr como quem desesperadamente persegue o vento e vê a vida escorrer pelos dedos como areia enquanto tenta se agarrar a falsas esperanças de que não perdeu tempo. Viver, de fato, com toda a complexidade que envolve  o viver, abraçando toda a alegria, tristeza, beleza, dor e profundidade. Ir sim atrás de sonhos, metas, projetos, mas não esquecer ninguém pra trás, para que no fim, não sobre só arrependimento de dias que não vivemos porque nos cansamos de correr atrás de coisas que nunca importaram. Para que o fim, quando chegar, não encontre uma vida vivida pela metade. Pra que a despedida não seja vazia, sem sentido e solitária. 

Pra que o fim seja belo, sereno e traga a satisfação de olhar pra trás convicto de que, entre tudo o que se precisava fazer, tudo o que se queria fazer e tudo o que foi feito, viveu por inteiro.

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