Silêncio.
Quão complexo pode ser o silêncio. Falar sobre a ausência de sons, escrever sobre a ausência de palavras, talvez seja um paradoxo, mas é sobre isso que eu passei o dia pensando.
Pensando em como, às vezes, a gente superestima o silêncio. Como nos convencemos de que não falar sobre as coisas, magicamente, trará solução para todas elas. E quando nos damos conta, uma acúmulo de coisas não ditas nos engole e devasta, deixando pra trás todos os problemas que talvez já não se resolvam mais.
Mas às vezes, a gente subestima o silêncio. Temos pressa em falar, precisamos do som, do barulho, da agitação e da correria porque achamos o silêncio desconfortável. Eu sou uma grande defensora das palavras e da comunicação, mas também aprendi a apreciar o silêncio. A ausência de palavras, aquele momento em que somos envolvidos em completo e perfeito silêncio, abraçados pela quietude e descobrimos quão imenso pode ser tudo aquilo que as palavras não podem dizer. A profundidade de um olhar, um abraço, um gesto simples de amor. A beleza de mãos que recolhem lágrimas, braços que amparam, olhos que olham de volta, coração que permanece. A simplicidade de momentos de calma em que se pode usufruir da própria companhia. Quão impressionante pode ser a contemplação silenciosa da vida.
Não, eu não estou falando sobre não dizer o que precisa ser dito. Estou falando sobre parar de tentar preencher o silêncio com palavras vazias só porque nos tornamos seres humanos que não sabem lidar com as ausências. Nem toda ausência é ruim, não significa que nada está acontecendo, ou que estamos perdendo algo. Talvez uma ausência seja necessária, uma pausa, um respiro, um descanso. Se ausentar da rotina, da correria, da agitação e aprender a contemplar a beleza que há na quietude, especialmente naquela que compartilhamos com os outros.
Não preencha todos os silêncios por medo do desconforto. Quando o silêncio chegar, desfrute! Há muito acontecendo, sendo dito, sentido, guardado e lembrado nesses momentos.
Mas quando as palavras forem necessárias, não se cale! Há coisas que precisam ser ditas, antes que as palavras se esvaziem de sentido e significado e já não digam mais nada.
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