Tempo, vida e adeus.


Esses dias estava pensando em como o tempo passa rápido, como as coisas mudam e quantos adeus precisamos dar pelo caminho. E parece que quanto mais a gente cresce, mais rápido o tempo passa e a gente se dá conta dos vários momentos simples que nem vimos passar e se tornam tão importantes depois que a vida segue em frente.

Me lembrei dos meus avôs, dos pequenos momentos, das manias, do som da voz, memória de dias que não pareciam momentos grandiosos e, que ainda assim, ocupam a maior parte das lembranças. E então eu chorei, chorei de saudade, ri de algumas memórias e me lembrei da frase da Adélia Prado, "o que a memória ama fica eterno". É verdade, a gente guarda memórias de quem amamos e aquilo fica, de alguma forma, e sobrevive ao teste do tempo.

C.S. Lewis dizia que o luto se parece muito com medo. Também é verdade, há sempre um medo de esquecer, de deixar pra trás aquelas memórias tão importantes. E isso também é verdade. Hoje percebi que já não lembro algumas coisas com exatidão, percebi que demorou alguns segundos a mais pra lembrar como era a voz deles. Mas não significa que esqueci, todas as memórias ainda estão ali, cheias de amor.

Alguns meses atrás eu ouvi algo que me marcou, sobre o luto ser a dor do amor e que, em algum nível, ele sempre permanece com a gente, porque a falta e a saudade se encaixam na nossa vida que segue em frente, mas nunca vão completamente embora. Amar muito significa abraçar o risco de doer muito quando aqueles que amamos se vão. E saber que, mesmo que doa muito, amar muito vale a pena. Porque há uma imensidão de pequenas coisas que ficam quando quem amamos se vai.

É por isso que precisamos aprender a apreciar o tempo, porque a vida passa rápido. É preciso saber desacelerar e apreciar o que estamos vivendo aqui e agora, encher a vida de memórias que um dia, ficarão e deixarão marcas que excedem o nosso tempo e espaço. Apreciar o que acontece entre o nascimento e a morte, entre o oi e o adeus, entre a apresentação e a despedida. Valorizar o tempo que nos é dado e a vida em toda a sua beleza caótica, alegre, divertida e dolorida. Porque em alguns momentos, entre tudo isso, haverá vários adeus, e ainda assim, a vida seguirá em frente. Há beleza nessa dicotomia, há sempre algo começando quando algo termina, é diferente do que foi, mas é algo que pode ser cheio de cor, alegria e esperança, ainda que envolva saudade e dor.

Eu sei que este é um texto um tanto quanto triste. Mas tudo bem, porque dias tristes também fazem parte da vida. Mas talvez seja um texto de esperança, de saber que a vida será diferente, mas ainda haverá vida. Talvez seja um texto de saudade e que te lembre das suas perdas.

Tudo o que eu sei é que, se a dor de amar for as lágrimas, alguma tristeza ocasional, saudade e memórias, então amar muito terá valido a pena.


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