E quando, talvez, não se tenha nada a dizer?
Hoje é quinta feira, e isso significa que é dia de postar um texto aqui. E embora eu tenha vários temas na cabeça e uma ideia de qual deveria ser o texto pra primeira publicação do ano, não consegui, de fato, escrever.
Mas, isso não muda o fato de que hoje eu preciso escrever, então sentei aqui e comecei a colocar as palavras pra fora para tentar descobrir se o que está passando na minha cabeça pode se tornar um texto coerente.
Ter que escrever um texto hoje e não saber o que dizer me fez pensar em como a gente tem a necessidade de falar, sobre tudo, mesmo quando devia escolher o silêncio. Eu sei, talvez seja absolutamente irônico escrever sobre permanecer em silêncio. Eu não espero que esse texto não contenha ironias ou paradoxos, eu só estou tentando juntar minhas ideias "no papel".
Escrever hoje é meu compromisso com meu começo, a ausência de um tema, aparentemente, virou meu conteúdo. E tudo isso me fez pensar em como vivemos em um tempo em que somos profundamente rápidos em falar, opinar e colocar nossas ideias no mundo, mas somos lentos em ouvir, aprender, em admitir que não sabemos sobre tudo e ficar em silêncio. Compartilhamos nossas ideias, opiniões, rotinas, frustrações, raiva, ódio e ressentimento nas redes, o tempo todo. E os espaços que deveriam amplificar a nossa voz ou servir para lazer (um tipo vazio e solitário, mas ainda assim, lazer) estão constantemente cheio de ruído que, no fim das contas, atrapalha a comunicação.
Mas quem dera o ruído fosse só nas redes. Profundamente afetados pelo volume gigante de informações que recebemos por minuto, também nos tornamos seres cheios de ruídos, incapazes de ouvir a si mesmo e aos outros, dentro e fora das redes.
Nos tornamos tão rápidos em falar, escrever, twittar, postar (irônico, eu sei, já que dentro de alguns minutos esse texto será postado em algum lugar) e esquecemos de pensar, filtrar, aprender e crescer com o silêncio. Esquecemos que nem tudo precisa da nossa opinião, especialmente as coisas que não sabemos ou entendemos. Que a gente não precisa ter uma fórmula pronta de compreensão de todas as coisas porque ninguém nasce sabendo tudo e que nós vamos passar a vida inteira aprendendo, conhecendo e descobrindo coisas.
Hoje, eu queria ficar em silêncio, aproveitar o dia de chuva pra sentar com a minha caneca de chá, depois café, depois café com chantilly e a companhia dos meus livros favoritos. E foi desse desejo de quietude e solitude que nasceu esse texto, provavelmente estranho e um pouco peculiar. Nasceu porque, tendo algo profundo ou simples a dizer, eu preciso honrar meu compromisso de postar no blog toda quinta-feira, ser constante e seguir os pequenos passos que decidi quando comecei toda a história do blog. Hoje, eu vivi o paradoxo de não ter um assunto pra falar e a responsabilidade de terminar o que comecei, que é justamente escrever. Meu paradoxo me fez pensar e, por fim, virou um tema pro primeiro texto do ano. Esse é o poder do silêncio, ele te faz refletir e, então, as ideias nascem e as palavras as contam ao mundo.
Quando não houver o que dizer, contemple o silêncio. Nele há sempre muito sendo dito e, talvez lá, você encontre as palavras que precisa dizer.
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